Mons. Domingos Silva Araújo
1. Celebra-se em Braga, de 31 de maio a 02de junho, o V Congresso Eucarístico Nacional. É altura de reavivarmos a fé na Santíssima Eucaristia. De refletirmos sobre a forma como a celebramos e vivemos. De pensarmos na influência que tem no nosso quotidiano a Missa (diária ou semanal) em que participamos ou a que presidimos. No que consiste a nossa devoção para com o Santíssimo Sacramento.
2.Celebrar a Eucaristia é fazer um ato de fé na presença real de Jesus. Na parte da Missa designada Oração Eucarística, também chamada anáfora ou cânone, o Presidente, repetindo o que Jesus fez na Última Ceia, pronuncia sobre o pão e o vinho a fórmula da Consagração: «Tomai, todos, e comei: isto é o meu corpo, que será entregue por vós»; «Tomai, todos, e bebei: este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados. Fazei isto em memória de mim».
3.A partir deste momento, o que, a nossos olhos, é pão e vinho, aos olhos da fé deixou de o ser: transubstanciou-se no corpo e no sangue de Jesus. Por isso, feito um momento de adoração, o Presidente profere uma de três aclamações: «Mistério da fé!», ou: «mistério admirável da nossa fé!», ou «mistério da fé para a salvação do mundo». À primeira, a assembleia responde: «Anunciamos, Senhor, a vossa morte, proclamamos a vossa ressurreição. Vinde, Senhor Jesus». No caso de ter optado pela segunda, a resposta é: «Quando comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, esperando a vossa vinda gloriosa». Se tiver preferido a terceira fórmula, a resposta da assembleia é: «Glória a Vós, que morrestes na cruz e agora viveis para sempre. Salvador do mundo, salvai-nos. Vinde, Senhor Jesus!»
4.A Igreja, lembra D. José Cordeiro, recebeu a Eucaristia do Senhor Jesus Cristo como o dom por excelência, porque é dom d’Ele mesmo e, por isso, é verdadeiramente o mistério da fé e o sacramento do mistério da Páscoa» («A sacramentalidade da celebração eucarística», pag. 41). A Missa repete e reatualiza o que Jesus mandou fazer.
5.Ele está no meio de nós. Na celebração da Missa, os modos principais da presença de Cristo na Igreja manifestam-se gradualmente: primeiro, enquanto está presente na própria comunidade dos fiéis reunidos em seu nome; depois, na sua palavra, quando na igreja se lê e se explica a Escritura; igualmente na pessoa do ministro; por fim e de modo eminente, debaixo das espécies eucarísticas. No Sacramento da Eucaristia está presente, de maneira absolutamente singular, Cristo todo inteiro, Deus e homem, substancialmente e sem interrupção. Esta presença de Cristo debaixo das espécies do pão e do vinho chama-se real por excelência, não por exclusão, como se as outras não fossem reais.
6.A fé na presença de Jesus no Santíssimo Sacramento leva à oração de adoração, insistentemente recomendada pelo Papa Francisco: “Acredito que nós, nestes tempos modernos, perdemos o sentido da adoração; precisamos de recuperar o sentido de adorar em silêncio, adorar”, disse em 19 de junho de 2023, ao receber os membros do Comitê Organizador do próximo Congresso Eucarístico Nacional nos EUA. Na mensagem para o 54.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações escreveu: «Não poderá jamais haver pastoral vocacional nem missão cristã, sem a oração assídua e contemplativa. Neste sentido, é preciso alimentar a vida cristã com a escuta da Palavra de Deus e sobretudo cuidar da relação pessoal com o Senhor na adoração eucarística, ‘lugar’ privilegiado do encontro com Deus». A adoração tanto pode ser feita individualmente como em comunidade; com o sacrário fechado ou com o Santíssimo mais ou menos solenemente exposto.”